Estruturando uma História Orientada para Soluções
No fundo, o jornalismo de soluções é apenas um bom jornalismo. Dito isso, as histórias de soluções geralmente são estruturadas de maneira um pouco diferente. Essa diferença é suficiente para ser assustadora para repórteres acostumados ao jornalismo convencional. Portanto, nesta seção, anotamos quatro tipos de estruturas de histórias de soluções: uma que explora um desvio positivo, uma que explica uma grande ideia nova, uma que discute um experimento em andamento e outra que explora como um local se transformou.
“How Rochester Responded to its Lead Poisoning Problem” (Como Rochester respondeu ao seu problema de envenenamento por chumbo),que apareceu na série “Toxic Neglect" (Negligência tóxica) do Cleveland Plain Dealer, em outubro de 2015, explora um “exceção positiva”: Rochester, Nova York. Histórias de exceção positivas, incluindo esta, geralmente apresentam um ingrediente secreto. Nesse caso, os autores Rachel Dissell e Brie Zeltner dizem: “O que separa a abordagem de Rochester daquela de outras cidades que combatem o envenenamento de crianças por chumbo é simples: a cidade decidiu começar a procurar chumbo em casas de aluguel em vez de esperar para agir quando uma criança já tivesse sido envenenada.” A história também conta com dados para mostrar o sucesso de Rochester, outra pedra de toque desse tipo de jornalismo.
“Para alguns, o fato de o cuidado pré-natal ser um assunto da comunidade” desafia as noções tradicionais de pré-natal. Esta matéria de multimídia, publicada na série “Ninth Month” (Nono mês), da Public Radio International, acompanha um programa pré-natal do grupo chamado “Centering Pregnancy”. A matéria é escrita por Shuka Kalantari. Assim como em muitas matérias orientadas para soluções que exploram grandes ideias inovadoras, Kalantari começa com um ‘aperitivo’ do que o programa oferece. Em seguida, ela volta para explicar qual é o problema (neste caso, depressão entre imigrantes latinas grávidas na Califórnia) e como esse programa ajuda a resolver essas questões.
Às vezes, os repórteres têm a oportunidade de cobrir um programa em andamento que possui prós e contras evidentes. É o caso de “Less lecturing, more doing: New approach for A.P. classes” [Menos palestras, mais realizações: nova abordagem para as aulas de Advanced Placement (AP)], voltadas para auxiliar os jovens a entrar em uma universidade, que apareceu na série “Education Lab” (Laboratório de Educação) do Seattle Times, em março de 2014. A autora, Linda Shaw, narra um novo estilo de dar aulas de um curso preparatório nas escolas de ensino médio – especificamente, a que favorece o trabalho em grupo e os debates por meio de palestras diretas. O experimento ainda está em andamento, e os resultados até agora são mistos. Ela é muito franca quanto às limitações da ideia, mas também não se esquiva da promessa que mantém. Comparado à estrutura da "grande ideia nova", esse tipo de história geralmente possui um pouco mais de dados e evidências por trás.
Em agosto de 2014, Kaiser Health News e a NPR publicaram “Wrestling With A Texas County’s Mental Health System” (Lutando contra o sistema de saúde mental de um condado do Texas), que explica como o condado de Bexar, no Texas, melhorou drasticamente sua abordagem em doença mental. A matéria da KHN é escrita por Jenny Gold. A parte superior da reportagem concentra-se fortemente no problema, com algumas linhas que sinalizam que a situação agora está amplamente melhorada. A principal mudança que o município fez, explica Gold, foi ter diversos departamentos da cidade reunindo seus fundos para construir um "Centro de Restauração". Ela continua explicando como o centro funciona, as lições oferecidas que podem ser ensinadas e suas limitações. Os locais destacados neste tipo de história podem ou não ser um "desvio positivo" geral, mas oferecem lições importantes.