Jornalismo de Soluções no Deadline

Jornalista Colaboradora convidada

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Lane Anderson

Lane Anderson é jornalista de Nova York e professora sênior de redação na Universidade de Nova York. Ela cobriu de forma intensa questões de justiça social e pobreza e recebeu vários prêmios do SPJ, além de uma bolsa de jornalismo na área de saúde, da Escola de Jornalismo da USC Annenberg.

Fazer jornalismo de soluções como repórter especializado e lidar com prazos semanais pode parecer assustador – mas um foco em soluções pode realmente ajudá-lo a se estruturar e escrever matérias mais curtas rapidamente. Aqui estão alguns métodos para obter o jornalismo de soluções em suas reportagens regulares de 800 palavras ou menos.

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Um bom estudo, especialmente se for longitudinal e tiver achados sólidos de “soluções” ao longo do tempo, pode fornecer a base para uma história rápida verossímil.

A beleza dos estudos, em especial quando eles são publicados e revisados aos pares, é que a verificação foi feita para você por profissionais. Os pesquisadores em geral ficam muito felizes em divulgar suas descobertas e são relativamente fáceis de serem abordados e entrevistados. E, sozinhos, é difícil que consigam divulgar informações ao público. Entrevistar outros pesquisadores no mesmo espaço da matéria, ou aqueles que publicaram descobertas diferentes, pode completar a sua história. Reportagens sobre estudos respeitáveis, como este, podem ser uma vitória para todas as partes, inclusive para o público leitor que não abre regularmente as edições do JAMA.

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As organizações sem fins lucrativos estão na área de soluções, mas as reportagens sobre elas podem parecer muito triviais, ou como Relações Públicas.

Mas não precisa ser assim. Uma história criada com base no trabalho de algumas organizações sem fins lucrativos pode ser a base de uma história de soluções, desde que você conte os prós e os contras e converse não apenas com os prestadores de serviço, mas também com os que supostamente se beneficiam dele. Faça sua pesquisa para procurar desvantagens em qualquer solução – lembre-se de que as soluções não são perfeitas. Por exemplo, esta história e esta história mencionam programas sem fins lucrativos que ajudam a população de baixa renda a comprar trailers como casas modulares como uma forma de moradia acessível financeiramente. Mas também discutem os problemas e as possíveis desvantagens dessa abordagem – de que ter um trailer como propriedade também pode ser uma exploração em algumas situações. O simples ‘ouvir os dois lados’ coloca a resposta em contexto e evita declarações exageradamente infundadas ou a acusação de ser uma matéria promocional.

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Tudo bem se uma história contar apenas parte de uma solução.

A maioria dos grandes problemas não tem nenhuma solução grandiosa e fácil; é isso que faz com que os grandes problemas sejam difíceis. É fácil cair na armadilha de pensar que você precisa encontrar uma solução perfeita ou completa – mas estas raramente aparecem. Em vez disso, não se importe em escrever sobre soluções parciais, reconhecendo que o alcance delas é limitado, que ainda há trabalho a ser feito e que o progresso pode ser incremental. Por exemplo, considere esta história sobre o cuidado pós-natal do “momobile”, um veículo que vai até as mães de modo que elas não precisem faltar ao trabalho para comparecer a uma consulta médica em Camden, Nova Jersey. O serviço funcionaria da mesma maneira em todos os lugares? Resolve o problema de todas as mães da região? Não. Está ajudando muitas pessoas com uma inovação pequena, mas inteligente? Sim.

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Da mesma forma, não descarte histórias de soluções que fracassaram.

Não faz parte do seu trabalho encontrar A Solução – abrace os fracassos como parte da busca por melhores práticas e soluções. Por exemplo, considere esta história sobre os distritos escolares de Yonkers, em Nova York, em que a cidade se mobilizou para que os alunos do ensino médio entrassem para a faculdade. O programa de acesso à faculdade foi um grande sucesso – com mais de 85% dos estudantes sendo aceitos na faculdade – principalmente na faculdade comunitária local. O erro? Um ano depois, eles descobriram que quase todos esses mesmos alunos haviam desistido. Incluir o fracasso, na verdade, torna a história do acesso à faculdade mais rigorosa e completa. Por que os alunos desistiram? Que iniciativa é necessária para não apenas levar os jovens para a faculdade, mas sim ajudá-los a obter um diploma? A reportagem sobre essas soluções é mais completa porque inclui imperfeições e fracassos.

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Não tenha medo de "encenar" uma história quando você é um setorista.

Você aprenderá mais sobre as melhores práticas e soluções à medida que desenvolver sua especialidade ou área de ênfase. Não há problema em escrever histórias mais curtas sobre partes de uma solução para um grande problema – você pode até pensar nisso como uma pequena série. Por exemplo, o tráfico sexual é um grande problema com muitas abordagens. Esta história explora soluções de aplicação da lei para o tráfico sexual. A história que a sucedeu explora a intervenção e as soluções de alojamento para o tráfico sexual. Não há problema em deixar as soluções evoluírem e fazer com que seus leitores o acompanhem – você não precisa encerrar o assunto em uma história única e final.

MEDINDO E UTILIZANDO EVIDÊNCIAS

Usamos uma história do Anchorage Daily News, de Kyle Hopkins, em nossos Guia de Saúde e treinamentos. É uma ótima resposta para a pergunta "Posso praticar jornalismo de soluções quando há pouca ou nenhuma evidência de sucesso?" Esta história é sobre um programa que não possui nenhuma avaliação formal. Mas é uma ótima história. Explicamos como Kyle Hopkins fez essa matéria rigorosa e convincente sem essa evidência.